domingo, 8 de fevereiro de 2009

Se eu pudesse




"Se eu pudesse, agarrava-te todos os dias nos meus braços, cantava-te músicas de embalar até fechares os olhos, lia-te histórias e inventava-lhes o fim, deitava-te nos meus braços e esperava que adormecesses, entrava nos teus sonhos e pintava-os de cores e sons perfeitos,


(...)


Se eu pudesse os comboios andavam mais depressa, os aviões não faziam barulho, não havia portagens e as auto-estradas eram automáticas, punha um carro numa faixa e a estrada andava sozinha, chegava aí num instante, tinha tempo para estar e regressar, ou então metia-te num avião e levava-te para um lugar onde nunca fomos, tu ias de olhos vendados e tampões nos ouvidos, não sabias nada mas confiavas em tudo; então chegávamos a um canto sossegado, perdido dos homens e do mundo, deitava-te em cima de uma cama enorme e branca e amava-te durante horas e sem tempo, até adormeceres outra vez nos meus braços.


(...)


Se eu pudesse, levava-te agora para casa, sentávamo-nos à lareira a conversar, explicava-te porque é que um dia reparei que existias e, sem querer, me esqueci do meu coração entre os teus dedos..."




Margarida Rebelo Pinto, in As Crónicas da Margarida

5 comentários:

Denise disse...

este post vai ser copiado... =)
pelo menos parte dele...

:P

Pirilampa disse...

deni, minha copiadora :p

Pirilampa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lady.bug disse...

eu não dava nada pela escrita dessa senhora

mas este último parágrafo é coise

سورايا disse...

Adoro Margarida Rebelo Pinto, e adorei o post também :)